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Vitória (ES): ter carro é mais caro do que andar de táxi

Vitória (ES): ter carro é mais caro do que andar de táxi

Ter carro próprio ou andar de táxi? A dúvida não é sem nexo, como muitos podem achar. Diante dos altos custos da gasolina, dos impostos e dos seguros, é necessário verificar se é pertinente comprar um automóvel. Dependendo do modelo do veículo, os gastos para mantê-lo na garagem podem ser, ao ano, até R$ 17 mil maiores do que apostar em corridas de táxi.

A questão é que muitos brasileiros vivem o sonho de comprar um carro para deixar de enfrentar, todos os dias, as lotações dos coletivos ou de perder minutos à espera do taxista. Presos à ideia da comodidade, eles se esquecem de fazer contas e de verificar a viabilidade da aquisição do veículo.

Na Grande Vitória, por exemplo, só é vantajoso ter um automóvel pequeno, no valor de R$ 30 mil, quando os deslocamentos são superiores a 13 quilômetros por dia.

Cálculos do professor PHD em Economia Cristiano Costa, da Fucape Business School, mostram que quem anda só 10 quilômetros por dia, num carro popular, gasta R$ 11,5 mil ao ano. De táxi, esse cidadão desembolsaria R$ 9,94 mil no período: aproximadamente R$ 1,5 mil a menos.

A situação fica mais complicada para quem comprou o carro financiado. O custo em relação ao táxi é R$ 1,767 mil maior.

As contas englobam o preço da gasolina fixado em R$ 2,90 e levam em consideração gastos com IPVA, manutenção, estacionamento, licenciamento e seguros.

Costa explica que a análise também avalia a depreciação do bem e quanto que o consumidor poderia ganhar de rendimento ao aplicar na poupança o valor pago pelo carro.

“O indivíduo que comprou um carro por R$ 30 mil, em janeiro, dificilmente, conseguirá revendê-lo por mais de R$ 27 mil, ao final do ano. Ele poderia depositar o valor que pagou pelo carro na poupança, com correção de 0,45% ao mês”, afirma o professor.

Diferente do carro pequeno, o veículo de tamanho médio, vendido a R$ 55 mil, precisa se deslocar muito mais que 13 quilômetros ao dia para ser considerado viável.

Se o veículo anda apenas 10 quilômetros ao dia, o gasto anual fica em R$ 17,8 mil. Já nessa mesma distância, o táxi tem R$ 9,94 mil ao ano de custo, valor R$ 7,8 mil menor.
O carro desse porte passa a ser vantajoso para quem percorre 22 quilômetros por dia. O gasto com gasolina fica em R$ 18,8 mil, enquanto o táxi passa a custar R$ 19,3 mil.

Automóveis de grande porte, com consumo médio de gasolina de 8,5 litros por quilômetro rodado, precisam circular mais de 35 quilômetros por dia para serem vantajosos.

Quem tem um carro assim, que custa cerca de R$ 90 mil, gasta R$ 26 mil para andar 10 quilômetros por dia, valor R$ 17 mil maior do que o custo com o táxi.

Segundo o professor, apesar de, em algumas situações, o fato de ter carro não compensar para alguns consumidores, é inevitável avaliar também outros quesitos que não são financeiros. Entre eles, a rapidez, a segurança e a comodidade.

Apesar de ser mais confortável ter carro próprio, tem gente que dispensa o luxo. A produtora cultural Júlia Sodré só anda de táxi. Segundo ela, amigos e familiares sempre a criticam pela decisão. A empresária já tem até um taxista fixo, que a leva por todos os cantos da Grande Vitória.

“Em determinados períodos, quando estou na organização de um grande evento, acabo gastando um pouco mais com táxi. Mas, em média, desembolso cerca de R$ 600 por mês. Acho bem vantajoso”, conta.

Ao ano, os custos da Júlia ficam em torno de R$ 7 mil, ainda menores do que uma pessoa que se desloca 10 quilômetros por dia.

“Eu sempre tive medo de dirigir. Tenho trauma, pois perdi um avô num acidente de carro. No entanto comecei a perceber que não tenho que pagar seguro, IPVA, flanelinha de rua, nem me preocupar com a manutenção do automóvel”, diz.

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2013/03/noticias/dinheiro/1424385-ter-carro-e-mais-caro-do-que-andar-de-taxi.html
Fonte:Gazeta Online (ES)