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Região do ABC (SP): 30% dos taxistas são aposentados

Região do ABC (SP): 30% dos taxistas são aposentados

Ao longo da vida profissional, a maior parte dos trabalhadores maldiz o fato de que o seu trabalho depende de outros elos da cadeia produtiva para se realizar, reclama da pressão exercida pelo relógio de ponto e não se conforma de passar boa parte da vida preso no mesmo ambiente. A aposentadoria surge como uma cura para tudo isso. Afinal, a fase de aturar chefe, horário e monotonia acaba no dia em que o benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é confirmado.

Mas, da mesma forma que alguns remédios têm efeitos colaterais, parar de trabalhar vem acompanhado da perda de poder aquisitivo e da sensação de perda de produtividade. Para evitar esses efeitos sem ter de voltar ao velho esquema, muitos optam por iniciar nova carreira.

No Grande ABC, por exemplo, uma escolha frequente é comprar um carro de praça (como se dizia antigamente). “Cerca de 30% dos 1.458 motoristas de táxi da região são aposentados”, estima o presidente do Sindicato dos Taxistas do Grande ABC, Odemar Ferreira. Basta observar um ponto de táxi e conferir os cabelos grisalhos dos condutores para confirmar a estimativa.

EMBREAGEM

“Sou taxista há 12 anos. Comprei o táxi quando me aposentei”, diz o motorista Gasparino de Oliveira Ludovico, 67 anos, que é um dos 20 licenciados para operar no ponto do
Terminal Santo André. Antes do carro, ele foi motorista de caminhão e diz que gosta da flexibilidade de horários que o seu trabalho atual oferece. “É uma boa opção para quem quer continuar na ativa. Conheço muitos colegas que são aposentados.A segunda origem frequente é gente que saiu ou perdeu o emprego e não conseguiu se recolocar”, comentou.

Desde que o mínimo para se aposentar passou a ser de 65 anos para os homens, as chances de conseguir nova colocação no mercado de trabalho ficaram ainda mais restritas.

“Não há limite de idade para exercer essa profissão. Enquanto o Detran renovar a carteira de motorista, é possível continuar circulando. Tem colega de 85 anos que continua na ativa”, diz Ferreira, que aos 74 continua na profissão que abraçou há 47 anos.

FLEXIBILIDADE

“A flexibilidade de horários é um fator fundamental nessa questão. Conforme os anos passam, a pessoa tem condição de escolher quantas horas e se quer trabalhar de manhã, tarde ou noite. Cada um faz a carga horária que aguenta”, diz o sindicalista. A média etária da categoria na região é de 51 anos. FREIO A grande limitação para abraçar a profissão é obter, por meio de licitação da prefeitura, a licença de operação. No entanto, demora abertura para novas licenças.

Profissionais reclamam que quando ocorre a licitação, o número de vagas é pequeno. Segundo Ferreira, a proporção recomendada é de 70 táxis para cada 100 mil habitantes. “É preciso evitar ociosidade. Só seria o caso de aumentar o número de carros se houvesse elevação da demanda. Muita gente ainda não incluiu o táxi na sua rotina”, lamenta o sindicalista.

ACELERADOR

De forma geral, os profissionais concordam que é preciso ser proativo para incentivar o uso. “A Lei Seca tinha tudo para ser uma oportunidade de aumentar a circulação de táxis. Isso não aconteceu”, diz . “Agora estamos ativamente buscando parceria maior com os donos de bares e restaurantes”, completa Ferreira, que está negociando com a Prefeitura de Santo André a instalação de um ponto 24 horas na rua das Figueiras, onde se concentram as “baladas” na cidade.

O sindicato avalia por meio de planilhas que o faturamento líquido de um carro de praça na região fique em torno de R$ 1.300 mensais. Esse valor se refere a cerca de oito horas de trabalho, em condições normais e já descontados os custos. “Do dinheiro que entra, é preciso descontar 36% referentes a despesas de conservação do carro, seguros e impostos”, ensina Ferreira.

“Esse valor pode variar bastante de acordo com o número de horas trabalhadas e o rendimento do ponto”, observa Ludovico. Um dos seus colegas, que não quis se identificar, diz que nas áreas mais centrais, o faturamento costuma passar dos R$ 3.000 mensais.

Vale notar que motoristas de ônibus e caminhão têm direito a aposentadoria especial, os taxistas, não. Mas há vários projetos de lei que buscam estender para a categoria a aposentadoria com 25 anos de contribuição contínua.

QUALIFICAÇÃO

O escritório regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para o Grande ABC, em parceria com o Sindicato dos Taxistas do Grande ABC, vem promovendo nos últimos meses ação de qualificação batizada de ?Taxista Empreendedor? que tem como foco fazer com que o condutor se reconheça como empresário e passe a pensar o seu negócio de forma sistêmica.

“Administrar sempre envolve habilidades em planejamento, gestão, controle financeiro e atendimento ao cliente”, diz o gestor de projetos da agência regional, Marcelo Alciati.
“Nossa missão é apoiar quem começa um negócio e apontar caminhos para sua evolução em qualidade e lucratividade”, explica o especialista. No caso dos taxistas, o aumento dos ganhos está no topo da pauta e é a razão pela qual muitos não se entusiasmam em disponibilizar horas produtivas para estudar.

Mas, nesse caso, não tem desculpa e chance de fugir. Em vez de aulas presenciais (que poderiam atrapalhar a rotina e talvez até reduzir o número de corridas) e conteúdo apresentado de forma tradicional, em apostilas, os ensinamentos do programa são passados no formato de uma novela.

O protagonista é um taxista com visão empreendedora que desenvolve ações para ganhar mais. Para os que têm CD no carro, é só colocar e ir ouvindo. Quem tiver DVD, pode assistir em capítulos, conforme o movimento de passageiros permitir.

No final, há uma prova ministrada pelo Sebrae para medir a compreensão dos novos conceitos. Os formandos ganham o selo “Taxista Empreendedor” para colar no carro e atrair clientes. “O curso foi muito útil e o formato respeita as necessidades da gente”, avalia José Pereira dos Santos, 58 anos, que está na profissão há 13, desde que se aposentou.
De acordo com Alciati, do Sebrae, 17,8% dos taxistas da região já aderiram ao curso. Esse percentual já equivale a dois terços da meta a que o escritório regional se propôs. Dia 8, a turma de Santo André receberá seus selos. E no dia 13, ocorrerá o lançamento do projeto em São Bernardo.

http://www.tecnodataeducacional.com.br/mostraplugin2.asp?id=452906
Fonte:Tecnodata Educacional