Mulheres seguem ganhando espaço como taxistas
Influenciadas por maridos ou pais e, diante da flexibilidade de horários e da possibilidade de bons rendimentos financeiros, mulheres crescem na profissão.
A Adetax (Associação das Empresas de Táxis de Frota do Município de São Paulo) segue registrando demanda de mulheres interessadas em trabalhar como taxistas. Do total de 3.800 táxis pertencentes às empresas da capital, mais de 5% já são dirigidos por mulheres, o que representa mais de 200 taxistas do sexo feminino trabalhando com táxis das frotas de São Paulo (SP).
A cidade como um todo possui aproximadamente 34 mil táxis. “Cremos que a proporção verificada nos táxis das empresas também seja válida para a categoria como um todo”, avalia Ricardo Auriemma, presidente da Adetax. Desta forma, na cidade, é possível estimar que já são mais de 1.700 mulheres trabalhando como taxistas.
Conforme a Adetax, são três os principais motivos da procura feminina pela profissão: influência inicial de marido ou de pai; flexibilidade de horários para trabalhar e a possibilidade de bons rendimentos financeiros. Auriemma avalia de forma positiva o fato de mais mulheres estarem exercendo a atividade. “O bom profissional independe do gênero”, afirma. “E as mulheres são, muitas vezes, até mais cuidadosas no trânsito”.
Auriemma acrescenta que, como em todas as profissões, a de taxista exige disposição, organização e paciência para formar e ir aumentado o número de clientes e, assim, depender cada vez menos de “sorte” para conseguir atender mais corridas, com qualidade.
É este o caso de Ivone Pereira dos Santos, 50, que começou a trabalhar com táxi ainda em 2011. “Posso definir meus horários e conciliar o trabalho com minhas outras obrigações”, confirma. Ela já tinha o Condutax, e seu ex-marido também é taxista. “Ao trabalhar com o táxi de uma empresa, não preciso me preocupar com gastos de manutenção, que ficam por conta da frota, assim como as taxas de renovação de alvarás, vistoria do taxímetro e depósito placa”, diz.
Ivone mora com seus três filhos, já crescidos, que dão apoio para a mãe trabalhar na praça, com o táxi de uma empresa. “Dividimos as responsabilidades da casa”, conta a taxista. “Acredito que se aprende a aproveitar mais o tempo quando se trabalha fora”.
Sobre eventuais “cantadas”, ela tira de letra. “Acho que isso acontece com toda mulher, em qualquer profissão”, avalia. “Consigo me esquivar sutilmente na maioria das vezes, mas de vez em quando é necessário deixar claro que sou uma profissional e estou trabalhando”. E sobre preconceito? “Sim, já fui discriminada, mas por outra mulher”, afirma. “Ela entrou no táxi e, quando me viu, saiu do carro”.
Antes de ingressar na profissão, Ivone era esteticista e tinha um salão de beleza. “Hoje não me arrependo”, afirma. “A oportunidade que a empresa de táxi abriu para que eu pudesse trabalhar me ajudou demais”.