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“Devo a Cuiabá”, diz taxista que mudou de cidade ao ganhar pedido para casar

“Devo a Cuiabá”, diz taxista que mudou de cidade ao ganhar pedido para casar

Um pedido de casamento por telefone foi decisivo na vida do alagoano Genival Manoel Lins da Silva, de 39 anos. Contrariando a tradição, ele recebeu o pedido a mais de três mil quilômetros de distância da namorada, a mato-grossense Elizabete Tereza da Costa, de 44 anos.

Doze anos depois do “sim”, o ex-guia turístico que não se cansava de andar de um lado a outro pelas areias da praia do Francês, em Maceió, viu passar o analfabetismo, a pobreza e a falta de perspectiva de vida. Em Cuiabá, Genival estudou, casou e, recentemente, realizou o sonho de se tornar taxista, com carro e ponto de trabalho próprios.

“Devo tudo a Cuiabá. Eu ganhei a minha mulher de presente de Cuiabá. Aqui eu sempre me senti acolhido e hoje sou respeitado pelo meu trabalho”, afirmou o alagoano em referência aos 294 anos da capital que são comemorados nesta segunda-feira (8).

A ida de Genival para Cuiabá aconteceu de forma inusitada. Em 2001, quando morava em Maceió, ele conheceu Elizabete por acaso. Ela e mais uma amiga estavam de férias na capital alagoana. Ao G1, ela, que é gerente de uma gráfica na capital, disse que se apaixonou por Genival à primeira vista. “Ele me ofereceu um passeio que não aconteceu. Mas a química entre nós ficou”, destacou.

Nos seis dias que permaneceu em Maceió, Elizabete aproveitou o tempo livre para conhecer o nordestino. “Nós fizemos passeios sozinhos, vivemos um romance intenso. A todo tempo eu pensava que não poderia deixar o que eu sentia passar. Pessoa como ele não se encontra a todo tempo”, afirmou.

Longe de Maceió, Elizabete, seguiu viagem para Natal, a capital do Rio Grande do Norte, e quando retornou para Cuiabá, após dois meses de conversas diárias com Genival, tomou uma decisão surpreendente: ela o pediu em casamento por telefone.

“Eu me lembro desse dia claramente. Foi em 12 de abril de 2001. Mas antes de fazer isso, eu conversei com a minha mãe e meu irmão mais velho. Disse que havia encontrado o amor da minha vida. Não tive problemas. O Genival aceitou e passei a organizar a cerimônia”, afirmou a gerente.

“Será que vai dar certo? Eu tinha dúvidas e, por isso, não fiz o pedido [de casamento] a ela antes. Não tinha recursos na época para nada. Aceitei na hora”, explicou Genival. O pedido de casamento de Elizabete foi estendido para a mãe do alagoano, que também aceitou a união do casal.

Além de pedir Genival em casamento, Elizabete fez mais. A aliança do noivo foi enviada por ela pelos Correios. Com a aliança no dedo, o casal fez curso de noivos promovido pela igreja católica separados. Ele em Maceió e, Elizabete, em Cuiabá. “Eu me lembro que todo mundo perguntava por que eu estava sozinha no curso e onde estava o meu noivo. Perdi as contas de quantas vezes precisei contar a minha história durante o curso”, disse a gerente.

Naquele agosto de 2001, mês em que Elizabete faz aniversário, o casal se encontrou pela segunda vez para, finalmente, oficializar a relação. “Ninguém acreditava que iria ter casamento. Meu chefe me propôs mais 30 dias de férias para eu repensar a minha decisão”, lembrou a gerente.

A cerimônia foi simples e realizada na igreja católica Senhor dos Passos. Os padrinhos do casal eram amigos ou familiares de Elizabete. Nenhum parente de Genival conseguiu estar presente à época do casamento. “Para assinar o livro [de casamento] foi difícil. Tive que treinar várias vezes antes para, em vez de desenhar, escrever. Eu treinei até para falar aquelas palavras no momento do sim”, disse Genival entre risos.

Crescimento profissional

O primeiro emprego de Genival em Cuiabá foi como garçom. Ele trabalhou nos principais restaurantes da capital e, em seguida, virou motorista em uma loja especializada em fabricar brindes. Ele permaneceu nove anos no local, poupou dinheiro e realizou um sonho antigo: ser taxista.

“Eu comprei meu ponto e meu carro. Hoje sei ler e escrever. A minha família me olha diferente. Eu sei que hoje tenho valor”, destacou Genival.

Doze anos depois do casamento, Elizabete e Genival ainda se divertem quando contam a forma como o relacionamento começou. “Foi um tiro no escuro, corri um risco. Mas sempre tive o pé no chão e também soube ouvir meu coração. Se eu não tivesse feito isso não teria vivido nada disso”, afirmou Elizabete.

O casal decidiu, recentemente, que vai adotar uma criança. Eles estão na fila de adoção há um ano. “Só está faltando isso”, declarou o alagoano. Para o futuro, Genival pretende ser proprietário de uma frota de táxi. “Já tenho um carro e isso é o começo. Cuiabá ainda vai me proporcionar muito mais”, finalizou o taxista.

http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2013/04/devo-cuiaba-diz-taxista-que-mudou-de-cidade-ao-ganhar-pedido-para-casar.html
Fonte:G1