Colômbia: Antes de chegar ao Brasil, jornalista foi motorista de táxi
A história do correspondente colombiano Waldheim García Montoya (à esquerda na foto) tem um misto de sorte, frustração e muito trabalho. Nascido na cidade de Medellín, Montoya decidiu aos 11 anos que seria jornalista. A única experiência que tinha era com um texto que publicara no suplemento infantil de um diário colombiano, o “El Colombianito”. De forma prematura, entre 12 e 13 anos, ele precisava decidir entre ser repórter ou treinador de futebol. Mais tarde ficaria provado que o dilema não era coisa de criança.
Ao contrário de muitos de sua idade, Montoya não tinha influência da família. De origem humilde, ele teve a ajuda de um renomado jornalista colombiano como inspiração, o mesmo que lhe presenteou com o primeiro gravador.
Se não decidisse pelos campos ou pela redação, Montoya seria motorista de ônibus, negócio da família. “Em casa eu não tinha influência nem em relação ao futebol e nem ao jornalismo. O ciclismo e o boxe estavam mais presentes no meu cotidiano”.
Montoya até chegou a atuar como técnico quando alternava vários ofícios para conseguir se manter. “Eu tinha entre 20 e 25 anos, era técnico do bairro, amador, porém acabei realizando o sonho de ser treinador. Também fui taxista, não cheguei a dirigir ônibus, mas era uma opção que tinha, minha família trabalhava com isso”. Enquanto fazia o curso de comunicação na Universidade de Antioquia, ele alternava o táxi e os treinos.
Ainda na faculdade, foi oferecida a Montoya uma bolsa de estudos em Navarra, na Espanha. Entusiasmado, ele dedicou quase um ano em processos burocráticos. Porém, a boa notícia virou frustração. “Faltando 15 dias para a suposta viagem chegou uma carta a mim dizendo que o presidente da Colômbia havia cancelado o convênio. Foi uma tristeza perder tanto tempo. Todos meus colegas estavam se posicionando no mercado e eu ali parado”.
Mesmo sem culpa, Montoya teve que compensar o prejuízo, continuou conduzindo o táxi e falou com seus contatos, principalmente os conhecidos das associações e agremiações locais. “Eu sempre recomendo isso aos jovens jornalistas, sejam associados”. Conseguiu trabalho em um projeto político da prefeitura de uma cidade próxima. Ganhou visibilidade, de lá foi convidado para trabalhar dando aulas na universidade, mesmo sem mestrado e doutorado. Aos 27 anos, Montoya já era professor de alunos maiores que ele.
À época, um executivo da Notimex (Agência de Notícias do Estado Mexicano) foi até a cidade com o projeto de montar um escritório em Bogotá, surgiu então o convite para que Montoya trabalhasse na capital. De lá, sua carreira como correspondente começa a deslanchar. No escritório da agência mexicana cobria tecnologia e esportes. Com o tempo, começou a falar também do showbiz e cobrir colegas em outros países. “Chegou um momento que eu estava cobrindo o mundo das celebridades. Foi aí que tive oportunidade de conhecer Shakira, Vicente Fernandez, Miguel José e outros artistas latinos”. O ritmo começou a tornar-se frenético e até espetáculos venezuelanos ele cobria.
Em 2003, de forma inesperada chegou o convite para que o jornalista fosse para o Chile, porém, dias antes de embarcar Montoya recebeu a notícia de que iria para o Brasil. “Minha cabeça não estava preparada para o Brasil, mas eu aceitei”. Assim começa a relação de Montoya com o país. Há 9 anos por aqui, o jornalista ficou um tempo na Notimex e sua primeira pauta foi uma Parada Gay. Tempos no Brasil, o repórter começou a trabalhar como correspondente da EFE, onde está até hoje. Ele também participa do programa “Legião Estrangeira” na TV Cultura.
Fonte:Portal Imprensa
http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/internacional/56136/antes+de+chegar+ao+brasil+correspondente+da+efe+foi+motorista+de+taxi+e+tecnico+de+futebol