Capital: Lei seca estimula o hábito de andar de táxi
A fiscalização da lei seca no carnaval deste ano retirou um número recorde de motoristas embriagados das estradas paulistas: 749 pessoas, entre multados e presos por crime de trânsito. Como resultado das blitze, que fiscalizaram até motoristas sob efeito de drogas, muitos paulistanos mudaram os hábitos neste ano. Deixaram o automóvel em casa e curtiram a folia de táxi ou de metrô. E o número de mortos e feridos nas rodovias caiu: 13% e 57%, respectivamente.
A cantora Zá Coelho, de 29 anos, é um exemplo desse novo comportamento: durante o carnaval, ela saiu com o namorado só de táxi. “Antes, tinha a consciência de que estava fazendo algo que não era certo, mas agora a coisa mudou. É mais seguro ir de táxi. E o preço dos estacionamentos faz a viagem de táxi valer a pena.”
Já a estudante Jéssica Rodrigues, de 21, conta que desde o começo do ano seu grupo de amigos já tem ido para a balada só de táxi. “A gente junta um grupo e divide a corrida.” Além de punições mais severas e do aumento da fiscalização, ela afirma que a mudança também se deu por conscientização. “Sou contra dirigir após beber”, garante. “Além disso, tem o fato de poder ir para a cadeia.”
O aumento do risco da prisão (de 6 meses a 3 anos) é resultado de dois fatores: as mudanças na lei seca aprovadas pelo Congresso Nacional no fim do ano passado e a edição de uma portaria do Conselho Nacional de Trânsito, há duas semanas, que estabeleceu tolerância zero para a aplicação de multas e limite de 0,34 mg de álcool por litro de ar expelido dos pulmões para prisão.
Já o produtor de eventos Robson Santos, de 31, diz que o risco de ir para a cadeia foi o que motivou ele e os amigos a também dividirem o táxi ao sair à noite. “Agora é só assim.”