Campo Grande (MS): cidade tem pontos fortes para taxista exibir aos turistas
Ao chegar a seu destino, o viajante quer logo explorar o território, sair para visitar os pontos turísticos e conhecer a cidade. Quem vem a Campo Grande também partilha do mesmo ideal. Apesar de a Cidade Morena, que completa 114 anos na segunda-feira (26), não ser turística, muitos viajantes, que passam por aqui e usam a Capital como local de trabalho ou como ponto de conexão, também aproveitam os atrativos.
Quem sempre está em contato com esse público é o taxista. Costumado a ir e vir com pessoas de todos os cantos do Brasil, José Arantes, 50 anos, sempre indica o Parque das Nações Indígenas como ponto turístico. “É um dos lugares mais bonitos da cidade”, acredita. Mas lugares como o Mercadão, a Feira Central e a Casa do Artesão também estão na lista de indicações.
Para José, apenas um mar abrilhantaria a cidade perante os olhos dos turistas. “Faltava uma praia para ficar completa”, diz. De acordo com ele, quem passa por aqui tece elogios à Capital. “É uma cidade bonita, limpa, organizada, arborizada e sem violência, quando comparada a cidades como São Paulo (SP)”, exemplifica o comentário dos visitantes.
Melhoraria se a periferia fosse lembrada, lembra. Para o taxista, faltam alguns ajustes nos bairros, como locais para lazer e infraestrutura, como asfalto. No restante, “a cidade está em cima”, dentro do que é permitido.
“Somos carentes de lazer e de beleza natural. Esses dias recebi um casal do Recife (PE), que me pediu para mostrar o que a cidade tinha de mais bonito. Mostrei o centro e o Parque das Nações, mas isso para eles é normal”, conta.
Mas José sabe que a Capital sul-mato-grossense não é turística e afirma que as pessoas que por aqui passam, na maioria, usam a cidade como ponto de partida para cidades como Bonito ou Corumbá, no Pantanal. “Também tem aqueles que vêm a trabalho, para seminários, convenções e outros”, conta.
As casas noturnas também são muito procuradas por turistas. A noite campo-grandense desperta a atenção e o desejo de quem passeia aqui. “Além de mostrar o Memorial de Índio, o Parque dos Poderes e a Orla Morena, indico as boates Enigma, Cancun e Whiskeria Pantanal”, conta, rindo, a taxista Rosângela Domingues, 35 anos.
Mas aqueles que preferem uma diversão moderada, recebem orientações para irem à Valley, Miça e outros barzinhos. “Dependem do que querem”, afirma.
Já o taxista Maurício Soares Mendes, 53 anos, é radical e afirma a cidade não tem lugar para visitar. “As pessoas dizem que gostam muito da limpeza e organização, mas a cidade não tem um ponto turístico marcante, diferente. Só parques e praças”, afirma.
Há 40 anos atuando como taxista, 35 deles trabalhando em Campo Grande, Daniel Peixinho, 69 anos, nascido em Coxim, é, com certeza, uma das pessoas que acompanharam de perto o desenvolvimento da Cidade Morena ao longo dos últimos tempos.
A capital sul-mato-grossense só recebe elogios de quem costuma percorrer 180 quilômetros por dia em suas ruas e avenidas. Peixinho trabalha no ponto de táxi do aeroporto da cidade e diz que transporta muita gente para lá e para cá.
“É uma cidade muito bonita e só vem melhorando com o tempo”, afirma. Acostumado a fazer amizades com seus passageiros, o taxista garante que, no carro, o assunto das prosas é um só: as vantagens e benefícios de Campo Grande.
Peixinho conta que todos os passageiros só falam bem da cidade. Para ele, nenhum ousou em criticar a Capital. “Gosto demais de trabalhar como taxista. Posso conversar com as pessoas, que sempre falam daqui”, diz.
O sobre o que os passageiros costumam conversar com um taxista? Peixinho recebe a pergunta com a resposta na ponta da língua: os turistas costumam conversar sobre o que tem para fazer na cidade, já os que moram aqui, sempre falam como é bom voltar, explica.
Para ele, o taxista é uma espécie de guia turístico, que pode informar sobre a cidade e despertar o interesse em pontos turísticos. “O Parque das Nações Indígenas é o mais procurado e comentado, com certeza. Mas as pessoas também, gostam das praças e do centro”, garante.
Andando e transportando gente para todos os lados, Peixinho lembra-se de situações marcantes de sua vida profissional. Entre altos e baixos, ele garante que nunca sentiu vontade de abandonar a profissão.
“Até nas décadas de 1980 e 1990, quando mataram muitos taxistas, nunca pensei em parar de ser taxista”, afirma.
Juntos no trabalho, na vida e na paixão por Campo Grande – Há um ano, Peixinho ganhou uma companhia no volante e na defesa da Cidade Morena. A senhora Peixinha, como é conhecida Zenilda Peixinho, esposa de Daniel, largou as mesas de costura pelo asfalto de Campo Grande.
“Foi por incentivo dele (marido) que mudei de profissão”, revela. Sobre as condições de trabalho cidade a fora, Zenilda fala que as vantagens vão muito além da questão profissional e passam pela vida pessoal.
Para a trabalhadora, “é muito bom trabalhar com os passageiros, ainda mais os que admiram a cidade”. “Eles descem aqui e falam que chegaram ao paraíso. Eles comparam as ruas, avenidas e praças. Dizem que a cidade é limpa e bem cuidada. É muito bom ouvir tudo isso”, afirma.
Se pudessem mudar algo na Capital, o casal do táxi mexeria nos bairros mais distantes. “É a única parte feia, que ficou esquecida”, conta dona Peixinha. “Precisamos que os bairros sejam vistos com mais carinho para ficarem mais bonitos. Eles deixam a desejar”, garante.
Nascida em Poxóreu (MT), Zenilda conheceu Daniel e constituiu família em Campo Grande. Juntos, os dois criaram três filhos e avisam que seus legados viverão, para sempre, na Capital Morena.
Fonte: Campo Grande News
http://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/sem-mar-capital-tem-pontos-fortes-para-taxista-exibir-aos-turistas