BH: novos táxis começarão a rodar a partir de fevereiro
Entrevista com Jussara Belavinha, diretora de atendimento e informação da Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans)
Quando os novos táxis começarão a circular na capital?
Os taxistas têm um prazo de 90 dias, a partir de fevereiro, para passar pela vistoria da BHTrans e começar a rodar. A expectativa é que eles passem pela vistoria o quanto antes. Então, em fevereiro mesmo, eles já começarão a circular.
Tem alguns pontos específicos onde esses novos taxistas vão ficar?
Não. Em Belo Horizonte, não existe ponto fixo para taxistas. São eles mesmos que se organizam, que colocam telefones e sanitários nesses pontos. Eles conhecem o mercado e a demanda, então, vão saber se distribuir.
Haverá alguma operação especial no trânsito com esses novos táxis?
Não, porque esse volume de carros não vai trazer tantos problemas ao trânsito. Nossa frota já é muito grande, 1,5 milhão de carros na cidade, sem contar os do interior que circulam aqui em todos os dias. Então, 605 veículos a mais não vão trazer tanto impacto.
Quais serão as novidades desses táxis?
O regulamento dessa nova licitação exige que eles trabalhem 12 horas por dia, essa é a principal novidade. Antes, tínhamos uma exigência de trabalho por quilometragem. Para as placas de pessoas físicas, era necessário que o taxista circulasse dez mil km por semestre. Para pessoa jurídica, 15 mil km.
Agora, eles terão que trabalhar 26 ou 27 dias úteis, dependendo do mês. O que significa que eles irão trabalhar de segunda a sábado e em um domingo mensal, o que aumenta a produtividade. As exceções são os meses de janeiro e fevereiro, em que reduzimos a jornada de trabalho deles para 15 dias úteis em cada um dos meses. O intuito é que eles tenham direito a férias. Escolhemos esses meses porque a demanda de passageiros cai muito.
Há outras novidades?
Sim. Todos os carros terão ar-condicionado e precisarão ser pelo menos 1.4 (motor). Nós teremos, ainda, 60 carros acessíveis para passageiros com limitações de locomoção. Às vezes, as pessoas que têm familiares acamados, por exemplo, pagam caro por um transporte. Nesses táxis, elas vão pagar o preço normal de uma corrida. Além disso, serão dadas 55 placas a taxistas portadores de deficiência. Eles vão passar por perícia para comprovar a condição e, também, que são aptos a dirigir.
Qual a importância de os taxistas trabalharem 12 horas?
Atender melhor à demanda da cidade. Hoje, nós temos uma parcela grande da população de taxistas que trabalha pouco. São idosos que têm táxi há muito tempo. Eles vão para o ponto, fazem poucas viagens, vão para casa almoçar e não voltam mais; isso contribui para um déficit de táxis. O grande problema é que alguns taxistas não veem as corridas como um serviço público, mas, sim, como algo particular, como ser dono de um comércio. Não adianta aumentar o número de táxis e eles não trabalharem da forma correta. Isso enche as ruas da cidade de veículos e faz com que o déficit do serviço se mantenha.
Esse horário não vai sobrecarregar o taxista?
Não, porque a ideia é que tenha sempre um permissionário e um auxiliar circulando, cada um deles trabalhando por seis horas. É claro que são eles que irão determinar isso, mas o horário foi discutido com a categoria e com essa intenção, de que seja dividido, para que não haja sobrecarga.
De que forma será feita a fiscalização do cumprimento dessa jornada?
Nós ainda estamos definindo a estratégia, mas os taxímetros da capital já são multi-informacionais. Já é possível saber o quanto o taxista rodou por meio dos aparelhos. Agora, estamos desenvolvendo um sistema eletrônico que vai permitir que a gente faça uma medição online da jornada de trabalho deles.
Nós teremos que instalar também, pela cidade, equipamentos que são como antenas, para que a captação das informações seja feita com um sistema via rádio. A tendência é que as espécies de antenas sejam instaladas nas proximidades da sede da BHTrans (no bairro Buritis, na região Oeste) e na rodoviária de Belo Horizonte, mas ainda não estão certos os locais. Estamos esperando uma aprovação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) para o aparelho.
E se o Inmetro não aprovar?
A previsão é que ele aprove até o fim deste mês, mas, se isso não acontecer, faremos a fiscalização de forma manual. Isso já é feito para calcular a quilometragem que eles rodaram.
Quando essa fiscalização deve começar?
Logo em fevereiro, assim que os táxis começarem a rodar; nós faremos por amostragem.
Qual a punição para quem descumprir essa jornada?
Eles vão ganhar pontos referentes ao regulamento e terão que pagar uma multa de R$203,44. Se o dono da placa atingir 45 pontos, um processo administrativo será aberto, e a carteira dele, será cassada.
Quantos táxis nós temos hoje?
Atualmente, temos 5.955 táxis e vamos passar para 6.560 com os 605 novos.
Essa quantidade vai suprir o déficit da cidade?
Aliada à jornada de trabalho, vai suprir, sim.
Haverá uma nova licitação para quem já é taxista e não participou dessa última?
Não. Eles continuam circulando normalmente. Foi uma decisão tomada em conjunto com a categoria, porque, se fizéssemos uma licitação para todos, o que poderia acontecer seria que alguns taxistas que estão há anos no mercado poderiam perder seu emprego para aqueles de outras cidades, e muitos mantêm as famílias com o táxi.
Há previsão de abrir licitação para mais táxis, principalmente para a Copa do Mundo?
Por enquanto, não. O que existe é um desejo da prefeitura de fazer uma parceria com as cidades limítrofes de Belo Horizonte, principalmente Confins e Lagoa Santa. Assim, os taxistas dessas cidades também iriam poder trabalhar na capital, e supriríamos a falta de carros, principalmente no aeroporto de Confins. Essa demanda da Copa é muito pontual, portanto, a gente não pode ser irresponsável de aumentar a frota de táxis, porque, depois, esses taxistas ficam sem trabalho.
Quando essa parceria começa?
Ainda não sabemos e vamos depender também das prefeituras dessas cidades.
Como fica a herança dos táxis de pai para filho?
Isso está proibido.
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Fonte:O Tempo Online