Carlos Osório: jornal ‘Extra’ entrevista o Secretário de Transportes do Rio
À frente da Secretaria Municipal de Transportes desde outubro de 2012, Carlos Roberto Osório promete mais rigor na fiscalização do serviço de táxi no Rio. O secretário ainda não tem opinião sobre as altas diárias cobradas por permissionários e empresas, e não considera mudar a proporção da táxis por habitante. Mas está em análise, segundo ele, a reformulação da frota, com a possibilidade até de estabelecer um modelo único de carro para a cidade. Aparelhos de GPS e aplicativos de smartphones também devem ser usados para monitorar os amarelinhos cariocas.
Quando será reformado o Código Disciplinar de 1970?
Conversei com o prefeito (Eduardo Paes) e vou estabelecer uma comissão para rever o código. Levaremos as propostas a ele. É a Constituição dos táxis e queremos mais qualidade, proteger o sistema e o bom taxista. Estou revivendo minha experiência de secretário de Conservação. As normas eram da década de 1970 também. O sistema de táxi tem que mudar, e o bom taxista vai apoiar a mudança. Não sei se conseguiremos (finalizar o novo código) em 2013, mas quero chegar com ele à Copa de 2014.
O sistema é rachado e repleto de irregularidades, como o mercado ilegal de autorizações. Como mudar essa realidade?
Não é desejável termos tantos grupos e categorias assim no sistema. Se fôssemos fundar o sistema do zero, faria uma coisa unificada e padronizada, num mesmo direcionamento. A situação que temos hoje é fruto de idas e vindas de políticas administrativas de outros períodos que foram gerando distorções. Não é desejável, mas é nossa realidade. Existe amparo legal para uma série de pessoas operarem de diversas maneiras. É um lado da realidade. As vendas (de autonomias) são distorções que acontecem por conta e risco de quem topa. Estão comprando vento, não é uma propriedade. A legislação não permite.
O que o senhor pensa a respeito das empresas criticadas por cobrarem diárias?
Ainda não tenho opinião formada sobre isso. Não tenho detalhes, não conversei com os donos das empresas. As diárias merecem um estudo mais profundo. Você está conversando com um secretário que está há pouco mais de dois meses no cargo. Estou estudando muito essa questão do táxi e conversarei muito com o prefeito sobre isso. Ele deu como meta da secretaria tratar do tema táxi como prioridade.
Mas por que essas medidas não foram pensadas nos primeiros quatro anos do governo Eduardo Paes?
Posso responder sobre a minha gestão. Falo qualquer coisa sobre a Secretaria de Conservação nos outros três anos em que trabalhei com o prefeito. Recebi a instrução dele para pensar no sistema como um todo protegendo o bom profissional e melhorando a prestação de serviço ao usuário carioca e turista. Essa é a meta. Não posso falar dos primeiros quatro anos, mas o prefeito esteve muito focado no sistema de transporte público de massa.
E os pontos de rua loteados?
Sabemos dos constrangimentos. Estou estudando a melhor solução. Algumas cooperativas prestam bons serviços. Temos que analisar com um pouco mais de calma essa situação. Não dá para empacotar tudo. Existe a demanda dos passageiros pelos serviços dos pontos. O taxista torna-se um conhecido. Ainda não tenho a solução.
Do jeito que está, não está formado um ambiente propício para a ação de grupos criminosos?
Não vejo ainda isso como questão crônica. Ainda estamos a tempo de cortar esse mal pela raiz. O momento é este, de não permitir que o sistema entre num processo de desqualificação privilegiando quem trabalha na truculência e eventualmente ligado a comportamentos criminosos.
Há táxis em excesso no Rio?
Nossa média de táxi por habitante é bastante alta, maior que a de Nova York e São Paulo. Acho que não há necessidade de aumentarmos a frota. Mas precisamos de cuidado para reduzi-la, já que a demanda é crescente.
A fiscalização é suficiente?
Existiram ao longo do tempo, por certa leniência da prefeitura na fiscalização, corpos estranhos entrando no sistema. A fiscalização com o Táxi Legal é um norte muito importante. A operação vai continuar e será intensificada. Trabalhamos prioritariamente nos dois aeroportos, no porto e na rodoviária. Vamos expandir para os dois principais pontos turísticos, Corcovado e Pão de Açúcar.
De modo geral, o senhor está satisfeito com o serviço?
Tenho a convicção de que podemos avançar e melhorar o serviço. Não estamos no padrão de qualidade que o Rio almeja. Temos excelentes profissionais, prestadores de serviço, mas temos deficiências e entendemos que é possível, sim, melhorar. O taxista terá de compreender que é um prestador de serviço num contínuo processo de aprimoramento. Queremos dar um passo importante na Copa do Mundo. O Táxi Legal faz parte do plano estratégico de 2013 a 2016.
Quais serão as próximas ações da secretaria?
A prefeitura vai incentivar neste ano um sistema amplo de aplicativos de localização de táxis. Também implantaremos modelos mais modernos de taxímetro com GPS. O táxi entraria no sistema que mede a velocidade da cidade, dando informação a todos. Avaliaremos se é melhor embutir ou não o GPS nos taxímetros e decidiremos se será obrigatório ou opcional. Abriremos uma discussão sobre a frota. O Rio quer ter um modelo único de táxi, como Nova York, ou estabelecer alguma premissas, com um bagageiro de no mínimo xis litros, para que os carros possam ser habilitados?
http://extra.globo.com/noticias/rio/nao-estamos-no-padrao-de-qualidade-que-rio-almeja-7363626.html
Fonte:Extra Online