Belo Horizonte (MG): O taxista atleticano
Depois de um longo dia de trabalho, voltei para casa de táxi na noite dessa terça-feira, em Belo Horizonte. Era aproximadamente 1h da manhã quando comecei a conversar com o taxista. Papo vai, papo vem, e era impossível o assunto não virar a final da Copa Libertadores da América. Atleticano, ele me contou uma história daquelas que muda a vida e te faz refletir sobre várias coisas.
“Se o Galo ganhar, eu nem vou trabalhar de noite, vou comemorar muito, mas em casa”. Curioso, perguntei o porque. “Por causa da minha perna, não consigo ficar muito tempo de pé, nem andar mais de 500 metros. Sofri um acidente dois anos atrás quando vinha do interior com meu primo”.
“Nessas rodovias perigosas e mal cuidadas que a gente tem, sofri um acidente e caí em um barranco. Meu primo estava desmaiado e eu estava todo quebrado, sem conseguir me levantar. Cheguei a pensar que iríamos morrer ali, mas, por um milagre, consegui me levantar e subi o barranco carregando meu primo nas costas”.
“Andei uns 3km até conseguir ajuda e sermos levados para o hospital. Fomos levados para o João XXIII. Lá, os médicos viram que era muito pior do que eu esperava. Estou vivo por um milagre de Deus. Minhas pernas quebraram e meu fêmur esquerdo quebrou em três partes, também quebrei os dois braços e tive hemorragia. Tive que ficar nove meses internado. Não sei como estou vivo e trabalhando. É um milagre. Deus achou que não era a hora de eu ir ainda”.
Talvez, Deus tenha achado que ele tinha o direito de ver o seu time do coração, o Atlético, campeão da Libertadores. Vai ver que “Ele” decidiu que o nosso amigo taxista merecia vivenciar o sonho que tantos atleticanos esperam realizar há tanto tempo. A propósito, ele é de Guanhães (MG), mas o nome, infelizmente, eu não me lembro. Talvez, isso não importe. Talvez, ele queira ser lembrado, principalmente na noite desta quarta-feira, apenas como mais um torcedor do Atlético.
A história é daquelas que nos faz refletir. E também é daquelas para fazer a torcida do Galo acreditar sim, que é possível realizar o sonho inédito e histórico, o sonho que parecia inalcançável e impossível, mas que agora é possível e indescritível.
*Texto de Gabriel Pazini, com supervisão de Leandro Cabido (extraído do Jornal O Tempo)
http://www.otempo.com.br/superfc/atletico/uma-história-para-acreditar-1.685677
Fonte:O Tempo Betim