Belo Horizonte (MG): Taxistas reclamam de carros fretados por empresas e hotéis
Apelidado de “Copa das Manifestações”, o evento esportivo, que funcionaria como um teste para a Copa do Mundo, em 2014, não tem rendido aos taxistas de Belo Horizonte o movimento esperado. Ao contrário. Além de os próprios hotéis incluírem transporte em veículos fretados entre os serviços ofertados, a onda de protestos que tomou conta da cidade há cerca de dez dias tem provocado uma considerável queda de demanda, entre 20% e 50%. Entre os motivos, destacam-se a dificuldade de mobilidade e o medo das depredações.
O diretor-superintendente da Coopertramo, Vicente de Paula Mayrink de Lima, observa que, de modo geral, o movimento em fins de semana e feriados costuma ser menor que em dias de semana, considerando o perfil de sua clientela, formada, em sua maior parte, por empresários e executivos. No entanto, a cooperativa, que tem uma frota de 180 veículos, acreditava que seria possível aumentar o número de atendimentos nesse período de Copa das Confederações. Mas as expectativas foram frustradas.
Segundo ele, “o próprio governo disponibiliza veículos para levar os torcedores ao estádio, e os hotéis também oferecem esse serviço aos turistas”. Mesmo no trajeto entre o aeroporto internacional, em Confins, e Belo Horizonte, ele diz que não há aumento de demanda, pois há muitos carros particulares fazendo o trajeto.
Além de não perceber incremento no número de corridas, Lima avalia como “péssimo” o trânsito em virtude das manifestações que ocupam as ruas da cidade. O resultado, segundo ele, é que “tem menos gente querendo circular. O nosso movimento caiu pela metade”, informou. Ele espera alguma melhora somente depois da Copa das Confederações e das manifestações, possivelmente na primeira semana de julho, “e ainda assim se a economia melhorar, pois se não ficar boa, também é ruim para a gente”.
Na Ligue-BH a percepção é a mesma. De acordo com o presidente, Ataul Roberto de Castro, está sendo observado algum incremento somente no turno da noite, quando os turistas buscam os serviços de táxi para deslocamentos a shows ou boates. Pois, segundo ele também observa, o deslocamento para o Mineirão já faz parte dos pacotes fechados com os hotéis.
No entanto, o maior problema não chega a ser a estabilidade na demanda, mas sim a dificuldade de circular na cidade nesses dias de manifestações.
“Os motoristas tentam atender aos passageiros e circular nas imediações dos protestos. Mas muitos deles já estão parando de trabalhar, porque estão com medo de vandalismo”, pontuou Castro, lembrando que, “em alguns bairros, há subgrupos que podem jogar pedras nos veículos”. Diante desse temor, ele acredita que somente uns 30% da frota de 270 veículos devem circular hoje.
“O prefeito tomou uma sábia decisão, a de decretar feriado. Mas não sabemos se isso vai diminuir ou aumentar o número de manifestantes”, pondera. A expectativa é que a queda no movimento percebida nos últimos dias, de cerca de 30%, se reverta, e que tudo volte à normalidade com o fim da Copa e dos protestos. “O mercado está bem aquecido desde 2010 e esperamos que se normalize”.
Estabilidade – Na Unitaxi, não houve propriamente uma surpresa. “Sempre que há um grande evento, como o do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o transporte é oferecido, não há espaço para táxi”, comenta o administrador Carlos Eduardo Silva. Segundo ele, nada mudou com a Copa das Confederações, pois quem comprou o ingresso ganhou o deslocamento.
Embora ele acredite que essas manifestações “são uma porta para o futuro do país”, ele reconhece que os usuários habituais estão evitando circular pela cidade, o que tem provocado uma queda de pelo menos 20% na demanda. Segundo ele, hoje, dia do jogo do Brasil contra o Uruguai no Mineirão, muitos taxistas deixarão de circular. “Estão prevendo muito quebra-quebra”, lamenta.
ANDRA ROCHA
http://www.diariodocomercio.com.br/index.php?id=70&conteudoId=139727&edicaoId=1521
Fonte:Diário do Comércio MG