Cachoeiro do Itapemirim (ES): Decreto revolta taxistas
O prefeito de Cachoeiro de Itapemirim-ES, Carlos Casteglione (PT) resolveu governar por decreto e causou confusão e revolta nos taxistas da cidade. A prefeitura impôs à categoria uma série de obrigações, mas sem aviso prévio e com curto espaço de tempo para que os “defensores” possam estar habilitados a tempo de cumprir a determinação.
De acordo com o Decreto n° 23.872, o Chefe do Executivo criou o programa de comunicação visual para o serviço de táxi que seguirá uma padronização estabelecida na regra: Somente poderão operar o referido serviço, veículos de cor branca na parte externa da carroceria e os profissionais que possuem veículos que apresentem cor externa diferente da estabelecida terão o prazo de até 45 contados a partir de 21 de maio.
No município 93 veículos estão em atividade, destes 60% não são brancos, de acordo com o Presidente da Associação dos Taxistas, Sebastião Marques. “A classe apoia e concorda com a padronização, mas o prazo está curto. E em relação aos vidros escuros, que estão proibidos, a prefeitura está esbarrando em uma lei federal, não cabe a eles obrigar que não coloquemos película”, disse.
Taxistas condenam medida
Valdeir Soares, cinco anos como profissional garante não ser contra a padronização, mas que ela deveria acontecer na medida em que os carros fossem sendo trocados. “O valor aproximado da padronização dos automóveis gira em torno de R$ 1700. Isso é uma ditadura”, indigna-se.
“O prazo dado é muito curto. Alguns taxistas estão para trocar de carro e nesse caso vão gastar para pintar o carro e adesiva e daqui cinco meses ter que vender o veículo”, completa.
Já Carlos Henrique Foligno, 32 anos, revoltado, diz que “esse prefeito deveria procurar trocar as lâmpadas dos postes, arrumar essas ruas todas quebradas, arrumar esses pontos de ônibus ao invés de ficar correndo atrás de quem está trabalhando”. “Existe muita burocracia em Cachoeiro para se conseguir ser taxista”, afirma.
Com experiência de 43 anos na condução de táxis, Luiz Salvador disse que considera inoportuna e feia a faixa de 40 cm que eles estão querendo por no carro. “Não concordo com os adesivos no vidro do meu carro. O veículo é meu e eu paguei por ele se eles querem por propagandas ponha nos carros da prefeitura”, sintetiza.
Juares Safadine, 18 anos de profissão, adianta que em 45 dias não vai conseguir se adequar às novas regras e diz que a única saída é colocar o carro na garagem e tirar umas férias. “O que está acontecendo com esse decreto do prefeito é irresponsável e pune a quem trabalha honestamente”, pontua.
Ele lembra que são 93 taxistas e 68 não são brancos, não tem como em 45 dias todos os carros serem pintados e adesivados. Ele reclama que faltou uma reunião da prefeitura com os taxistas para termos um diálogo e tentarmos resolver isso da melhor forma possível.
“Não são todos os taxistas que podem tirar R$ 1650 do bolso para bancar essa mudança. Muitos aqui têm família para sustentar, tem aluguel para pagar, tem filhos não tem como parar assim do nada e segundo as próprias empresas de pinturas eles não têm nem o material para pintar esses carros”, finaliza em tom de revolta.
O Decreto
A determinação é que a partir do dia 7 de julho, todos os veículos deverão adotar a programação visual padrão estabelecida pelo município. Conforme o decreto, todos os carros deverão ser de cor branca, e os donos daqueles que têm cores diferentes deverão providenciar o envelopamento da carroceria na cor estabelecida.
Além da cor padrão, os veículos também deverão ter adesivos laterais com as cores do brasão da municipalidade, onde será possível ler “Táxi Cachoeiro”, o número do registro e a praça de cada permissionário. O vidro dianteiro deverá conter a palavra “Táxi” e, na parte traseira, “Ouvidoria: 156” e o nome da praça.
Depois do dia 7 de julho, nenhum táxi poderá circular sem a plotagem, e haverá fiscalização por parte da Agersa. No caso de não cumprimento, o veículo será recolhido e só poderá voltar a oferecer o serviço quando estiver de acordo com as normas exigidas.
O decreto também normatiza a veiculação de publicidade, que fica restrita apenas ao vidro traseiro, e proíbe a instalação de película para escurecer os vidros. O município terá direito a divulgar seus programas e eventos em 10% da frota.
Fonte: Folha do Espírito Santo
www.folhadoes.com/site/pagina_interna.asp?cID=2&nID=25441&tp=1