Argentina: taxista de Buenos Aires é fã do Brasil
Andar de táxi pela Argentina é sempre uma atividade curiosa. Os motoristas que dirigem os veículos locais geralmente são personagens interessantes, dispostos a contar as mais variadas histórias. Principalmente se o assunto for futebol. Nesta terça-feira, véspera do duelo entre Boca Juniors e Corinthians, em Buenos Aires, o Terra andou em um transporte popularmente chamado de “Táxi do Brasil”.
Juan Vicente Ruperto é figura conhecida pelos brasileiros que vivem e viajam para a capital argentina. Seu carro, decorado com verde e amarelo, bandeira do Brasil e até camisa da Seleção com o número 9 e o nome de Ronaldo nas costas, é apenas uma das demonstrações de amor do motorista que “abrasileirou” seu nome para João da Silva Moreira. E é justamente por isso que ele, torcedor do Boca, será Corinthians nesta quarta.
“Sou fã do Boca, mas quarta-feira sou Corinthians. Vamos, Corinthians!”, disse, admitindo a torcida pelo time alvinegro. “Sempre gostei do Brasil e gosto de tudo que vem de lá. Das atrizes, das novelas, da música. Sou fã de Zeca Pagodinho, Roberto Carlos, Nando Reis, Lulu Santos…”, continuou o motorista, disparando uma série de nomes famosos brasileiros. “Mas hoje eu gosto mesmo é de arrocha”, declarou.
“De arrocha?”, pergunta a repórter. “Sim, tenho mais de 20 CDs. Gosto de Caio e Bruninho. Vou colocar um”. Assim, ao som do popular ritmo musical com influências de música brega e romântica, o taxista foi contando aos passageiros sobre os segredos do arrocha, explicando: “arrocha que ela gosta!”, brincou, garantindo ter namorado diversas moças do país pentacampeão do mundo. Mas admite, também, uma frustração.
“Queria conhecer a Globeleza”, diz. “Se conhecesse a morena da Globeleza estaria bem”, continuou ele, que alertou ter passado por problemas com uma paranaense. “Ela só queria gastar dinheiro. Levou metade do meu. Aí um dia liguei para ela e acabei com tudo”, confessou o taxista, enquanto trocava a música ambiente para um CD da dupla Caio e Bruninho.
A paixão de Juan, ou João, pelo Brasil tem algumas razões. Ele morou no País nos anos 80 por algum tempo, em Porto Alegre, em época que define como “a mais linda de toda a sua vida”. Além disso, sua bisavó materna era brasileira, enquanto os vínculos afetivos com as mulheres do País vizinho também são fundamentais: foram 20 anos de casamento com uma gaúcha, por exemplo.
E o motorista procura explorar seus vínculos com o país na profissão. Criou contas no Orkut e no Facebook com seu nome “abrasileirado”, fez um e-mail iniciado com “joãoordemeprogresso” e até um site, chamado Táxi do Brasil (www.taxidobrasil.com.ar), onde atende os brasileiros que precisarem de seus serviços. Diz possuir mais de 100 clientes cariocas, paulistas, baianos, gaúchos e de todos os cantos do País.
Entre suas aventuras, Juan Vicente relata com emoção sobre o dia em que falou com Zeca Pagodinho, por telefone, graças à ajuda de duas amigas. “Até chorei”, conta. “Ele falou um “aí, Viceeeeeente”, se emociona. Também conta com orgulho de quando funcionários da TV Globo o colocaram para dentro do jogo Atlético-MG x Arsenal, pela Libertadores desse ano.
“Me colocaram dentro do campo. Vi o Ronaldinho de perto. Foi lindo”, contou o taxista, que apesar de fã do Boca Juniors, manteve sua opinião sobre o jogo desta quarta-feira, marcado para as 22h, no Estádio La Bombonera, e que promete parar Buenos Aires. “Vai dar Corinthians, pode apostar”. Vamos ver, portanto, se o torcedor “vira-casaca” do Boca Juniors trará bons fluidos ao time brasileiro.
