Capital: para aprender inglês, taxista pratica idioma com passageiros
Osvaldo dos Santos é taxista há 16 anos e há três anos treina inglês com os passageiros
Você busca um táxi próximo à avenida Paulista e, de repente, é recebido com um “Good morning, my friend [bom dia, meu amigo]” ao entrar no veículo. Qual seria sua reação? “Tem gente que pensa que é mais caro, que é uma pegadinha, mas não. Eu ‘jogo’ o inglês onde quer que eu vá”, afirma o motorista de táxi Osvaldo dos Santos, 54, que treina o idioma com os passageiros e na rua, pedindo informações.
Na escola ou sozinho, estudo de idioma requer dedicação e disciplina “Meu inglês está acelerado e peguei gosto pelo curso”, conta jovem que fez intercâmbio de férias Teste seu nível de inglês Você comete os erros mais comuns do inglês?
A paixão pela língua começou com um caso amoroso há três anos. “Eu conheci uma brasileira que morava na Itália e veio para cá. Daí ela me falava algumas coisas em inglês e queria saber o que era. Ela foi embora e me deixou o inglês”, conta Santos, orgulhoso das frases que já sabe falar. “Ela me dizia: ‘I like you very much, my love’[eu gosto muito de você, meu amor]”, disse.
Atualmente, o taxista, que não é casado e nem tem filhos, mora em Santana (zona norte de São Paulo), bairro em que está seu ponto de táxi.
Para aprender a língua que tanto o encantou, ele desenvolveu um método autodidata. Há 16 anos dirigindo pelas ruas de São Paulo, ele tentava aprender algumas frases com a ajuda de passageiros. “As pessoas entravam aqui no meu táxi e eu perguntava como era tal frase em inglês, daí eu anotava como se fala para decorar. Além de treinar, eu ainda forçava o passageiro a tirar o inglês dele da gaveta”, contou.
Foi um ano e meio estudando por conta própria e contando com a ajuda de quem já sabia o idioma. Mas, depois desse período, ele decidiu entrar em uma escola especializada. A partir daí, começou a espalhar placas com frases em inglês e português em seu carro, “decoração” que surpreende o passageiro desavisado.
“É importante saber outra língua, aprender outra cultura. Eu falo e estou treinando. E as pessoas que sabem e não usam? Eu não estou melhor do que elas?”, diz Santos que treina o que aprende diariamente, além de usar as horas vagas para ouvir frases gravadas em um mp3 e escrevê-las em um caderno.
“Aqui é meu baú da felicidade”, diz Santos, apontando para o local onde em que guarda seu material didático – uma caixa de madeira que fica no porta-malas do carro.
Imagina na Copa
O taxista bilíngue teve sua prova de fogo quando um casal francês entrou em seu carro. “Eles falavam aquela língua estranha, eu não entendia nada, não entrava nem um ‘yes’ no meio. Daí eu perguntei se eles sabiam falar inglês e conseguimos nos comunicar”, contou.
Depois desse treinamento, o motorista viu como era importante saber outro idioma e crê que estará preparado para a Copa do Mundo de 2014. “No ponto em que atendo, os taxistas não sabem outra língua. Acho importante que as pessoas aprendam, pois vão precisar”, disse.